DESEJO
Mais um dia que vou trabalhar menos miserável
Pois sei que irei vê-la
Mesmo que por um instante
Mágico instante
E então que chega a hora
Lá esta ela, como sempre bela
Graciosamente parada, imaculada
Contornos e curvas perfeitas
Como que feitos pelas mãos do artesão
Nem um miligrama de gordura a mais ou a menos
Simplesmente, a perfeição
A desejo tão profundamente que chego a salivar
Quase mesmo a me desesperar
Desejo que não consigo mais segurar
Mas sei que nunca vou sequer poder toca-la
E ela lá, a me torturar, a me observar
Estática, com aquela deliciosa cor rosada, suada
Sinto mesmo que poderia devora-la, ali
Diante de todos, como um animal voraz
Mas me contenho,
Sou um animal, mas racional
Resignado subo em minha bicicleta
Aprecio durante mais alguns segundo meu objeto de desejo
E então deixo novamente a vitrine do açougue Nossa Senhora de Lurdes.