VOO
VOO
tinha uma mágoa branca
rasgando
o azul
daquele céu
era indiscreta
demais
travessa de loucura
atravessando
súbita
e pura
eu humilhada
ébria e cerúlea
escrava de um tempo
de luz
deixei-me vergar
quase devagar
ao peso
diminuto
da solidão
do pássaro branco
em voo
de não voltar
tinha uma mágoa
de ter que ficar
Mírian Cerqueira Leite