O HOMEM E SEU CÃO
Ontem foi uma tarde triste,
De pouco sol e muito movimento,
Onde as aves não voam, e nem as árvores agitam-se,
Vi nos olhos de um amigo, a razão da tristeza da natureza...
Não um amigo qualquer, não um policial qualquer,
Mas aquele amigo apostólico em todos os sentidos,
Como os amigos que seguiam a Jesus na Galileia,
Triste como uma criança, pela morte de seu amigo, seu cão...
Seria ele o primeiro homem a chorar por um cão?
Se por um lado a morte é dor, por outro, revela nossa humanidade plena,
A dor da perda, de um amigo cão, foi capaz de colocar nos olhos de meu amigo, um homem de guerra, uma tristeza profunda...
Vi, na dor de meu amigo, como são ancestrais a amizade de um homem e seu cão,
Mas, diante da doença incurável e letal, retou a meu amigo a decisão menos dolorosa,
A conveniência racional do senso comum...
A injeção rápida e letal,
Que alguns chamam de piedade, caridade,
E que para ele, foi apenas um extermínio e nada mais...