Bom vinho (*)
Branco, rosé, tinto: delicioso!
és belo, aromático e gostoso;
na garrafa, és sim prisioneiro,
a esperar teu gole derradeiro.
No sangue, intensificado calor,
‘dor’ manifestada como torpor,
cuja lembrança virá acontecer,
se ressaca noutro dia aparecer.
Todavia, caso bom pareceste,
serás para quem ti bebeu,
sem dor-de-cabeça: beldade.
Porém, se certas dores legaste
a quem a liberdade te concedeu:
“condenado pela má qualidade”.
(*) Integra o livro Pedaços de uma existência (1999).