Vinho nordestino (*)
É aqui no nordeste,
junto ao Velho Chicão,
com forte sol de faroeste,
que uva dá de muitão.
O doutor que faz o vinho,
nordestino, cabra raçudo e capaz,
ama tanto aquele sublime bichinho
que na Europa já é cartaz.
Líquido maravilhoso, mais pareces novidade,
és conhecido do sul do frio e sem caatinga,
fazes esquecer cá o arrepio da forte pinga.
Sertão latente, conservas a fertilidade,
se esquecido do mundo por política cretina,
produzes vinho, veneras Baco, és bela prática nordestina.
(*) Integra o livro Pedaços de uma existência (1999).