AGNOSIA
Eu não tenho maquiagem
Na insensível pré-moldagem,
Não tenho boca carnuda
Nem tatuagem na bunda.
Sigo sem preenchimentos...
Na "desgrife" do momento
Tenho a pele alva e crua
DNA de rima nua.
Passo imperceptível
Pelas ruas da cidade
É meu jeito excluído
De ser plena liberdade.
Eu retoco cada ruga...
Só com seiva absoluta
Escorrida pelo tempo;
Qual poesia em advento.
Não refiz a sobrancelha...
Bem desnuda sigo inteira,
Sem botox intra-músculo
Meu sorriso abraça o mundo.
Pela pápebra decaída
Eu amplio a dor da lida...
Eu enxergo pelo tudo
Do cerne do submundo.
Sigo assim poesia frouxa...
Nessa agnosia louca!
Adaptação precisa...
Me estico a cada rima.
Tenho a alma torneada
Academia? minha jornada.
Eu ausculto os corações!
Ouço todas as emoções.
Pelas linhas oculares
Reconheço toda face!
Faces de alma obscura?
Não permeiam minha loucura.
Voo sem ter GPS
Desde os Pampas até o Agreste...
Nunca fui para Dubai!
Nada frio me atrai.
Também perco a direção
Pela sinalização...
Mas insisto no sentido
Nada em mim segue perdido.
Me reciclo a cada hora
Seja vindo ou indo embora...
Na passagem obscura
Ligo as luzes às torturas.
Nunca subo num palanque
Lá... palavra é verso exangue!
Ouço o meu sexto sentido...
Agnóstico e precavido.
Inexisto nas correntes...
Sou só versos emergentes!
Desconheço o que apalpo
Neste incrível sobressalto.
Sou agnosia ampla!
Ao tudo que nos engana...
Eu rechaço os vazios
Dos mundos que jazem frios.
Sigo irreconhecível...
À estética do momento
Pelo asfalto ensandecido
Verso é o meu preenchimento.
Nessa minha agnosia
Nunca tive a pele fria...
Eu descarto os preconceitos!
E sigo autóctone no meu peito.