Numa Sexta-feira, à Noite...
Caminhava pelas ruas desertas e serenas,
Acompanhado apenas pela Lua e pelas estrelas,
Depois de ter se evadido de uma roda de boêmios,
Que tocavam viola e recitavam poesias, à beira-mar,
Em mim, todos haviam exauridos em seus motes e versos,
Queria apenas a companhia da minha dama: a noite,
Ela, que sempre foi a minha companheira e confidente,
Ela, detentora de todos os mistérios do mundo,
Miríades de poetas já te prestaram homenagens,
Deves, portanto, estares farta das palavras,
Contudo, ainda assim, permita-me te dizer:
É somente do teu negrume, do teu breu,
Que a poesia nasce enluarada,
Repleta de estrelas e cometas,
E que o poeta, ser cancioneiro,
Abre as grandes e antigas portas
Do devaneio.