PEDAL DO TEMPO
Lá vai ele...
Pela noite afora
não sabe a hora
não pensa o agora
... Descida abaixo,
não se aquieta
nem quieta!
Chulep, chulep...
Com a bicicleta
vento na venta,
frio na testa.
Passa estrelas...
Passa lua
passa calçadas
da velha rua...
Passa praça
sono e guarda
passa com asas
passa em casa...
Passa medo
das sombra sua
e os segredos
da falcatrua...
Passa vida...
Pelas carreiras
água fervendo
tampa e chaleira,
lá vai ele
com suas asneiras
passando o tempo
passa de balde
em sonho não sabe
que tudo e besteira.
Chulep, chulep...
descida abaixo
pedala, pedala
sempre por baixo
descendo avenida
as placas dos planos...
elas falam e não fala,
nem se da conta
que com sonhos vai
estão te levando...
Como nossos pais
... Seus anos e rugas
chegando, chegando
costas de tartarugas...
Lutando, lutando.
Antonio Montes