Frio
Condenar meu jeito de te amar, peço, não faça,
Uma faca, cortando legumes, arroz com passas;
Um almoço ou jantar, café da manhã ao teu lado,
Desejo antigo, bandeja de morangos adocicados.
E nessa realidade adiada, adianta o relógio parado,
Inverta ponteiros, volte no tempo, fica ao meu lado;
Jogo fora a chave, métrica, fecho a porta do quarto,
E te amar uma noite, um dia inteiro, não descarto...
Desço do salto, desça do carro, cavalo negro; ouso,
E o mirar penetrante, é a vida, mudando esse jogo;
Deixo assim, em teus braços, sonho noturno; pouso,
Longe de casa, bato em tua porta, o frio vem logo.