MATUTO
De vevença e desavença carreguemo a peleja
Tanto as veiz prensado e notra hora forgado
Mais sempre no rumo do coração que lateja
O arrego é a formosura do macuco da prenda
Que em vorta do fogo e no passo da prosa
Vira caninha amargosa nos causo de renda
Das lembrança fica os taio na carne rugosa
Feito a casca da mandioca o do angico cortado
Os rastro pisado num tem mais morada
Na memória do véio de carcaça e arma cansada
Passa as hora, passa as brisa, passa as vaca maiada
As branca, as chifruda, a vida desenjeitada
Vai co vento o tempo que já nos deu os fio branco
Feito a noiva de véu, é o cabelo em baxo do chapéu
Mai num é de lamento que os emborná se enche
Porque tormento num é anzor pra pexe
De castigada já temo as mão suja do barro
Que já se encrosto nas unha e na paia do cigarro
Junto co pito nóis traguemo tamém os fragelo
E mandemo os dois embora na fumaça soprada
Aí nóis levanta e outra veiz passa a mão na inchada
Dispois do gole de pinga na garganta empoerada
Sacudimo os rancor junto cos carrapicho
Dexemo no lixo as mandinga dos caboclo invejoso
Porque mais vale o canto do curió, um céu formoso,
O riacho limpinho feito espeio de madame
Do que pensa nos passo que ainda me resta
Até a vitória no final do certame.