Conversando com os botões
Parece fugidio demais o momento
não desgasto e nem desgosto os dias
limpo as mãos desaguadas em suores
olho com profundeza a joaninha no jardim
delicada e bem vestida com suas bolinhas
pisa as pétalas como quem desliza em águas
o verde de ontem amarelou as bordas do pensar
cada folha branca merece ornamento de letras
tingia as folhas de grafite quando pequena
na época era verdadeira artista de sonhos
agora me fogem as palavras das cirandas
era orgulho rimar poeminhas e desenhar flores
não eram desenhos talvez resenhas do que veria
os louros ditavam modas eu desobedecia gritos
o silêncio é o grito mais belo que conheço
as vozes tagarelam comigo e derrubam os botões
como vão florescer as flores? a barriga descoberta
e o umbigo público. E os segredos conversados
as escondidas.
Tudo tem pouco de rebeldia...até o dia