JARDINEIRO NO DESERTO

O que faz sentido além do que pode ser tocado?

Antes ver desenhos em nuvens

agora em fumaças de cigarro

Parar para admirar o pranto

sentir o cheiro das flores sem campo

sem pasto, no amargo

Na mentira que insiste em te mostrar

que na verdade é impossível se enganar

Aparando com cuidado cirúrgico

cada galho avesso a beleza do nosso querer

sem saber que a natureza faz crescer

de novo, e de novo, os arbustos por nós rejeitados

pois ao calor do sol do meio-dia

ou ao soar a meia-noite o sino

fora o que outrora homem

chega então o amoral destino

Rugindo pelas portas da corte,

fazendo rubros os alvos lençóis

de sangue, pelos olhos, derramado

E agora no fim da jornada

depois de chegar e partir, sem pressa e sem cavalgada

um homem se vê com uma tesoura na mão

O que resta a fazer é cortar tudo que for erva daninha ou mato vão

aparar as árvores e flores que existem por perto

Mas outra vez ele mira e repara

que é apenas um Jardineiro no Deserto