ÁGUA - Nilza Freire
Ela é vida líquida, estupenda
Veloz e amiga, não vê limites
Penetra em corpos e fendas
E em todo o resto que existe
Sofre em completo vilipêndio
Em meio a detritos e química
Resiste apagando incêndios
Nas ruas e nas almas cínicas
Os homens não se apercebem
Que a água chora por socorro
A cascata farta da qual bebem
Não mais descerá dos morros
Somos visceralmente alagados
Dependentes do elixir sagrado
Por dentro, por fora e dos lados
Precisamos alterar esse legado
Deixemos que a água corra limpa
E toda a face da terra encharque
E que a natureza deite suas tintas
Sobre tangarás e flores nos vales