O Início
O início é estranho.
Não somos parte desse corpo.
Tudo ao contrário.
Tudo ao contrário.
Não somos quem somos.
Não somos quem fomos.
Não temos ligação, elo, vínculo.
Somos parte do símbolo.
Não fomos nada antes, só surgimos, aos muitos.
Histórias e contos.
Mitos.
Míticos.
Lendas.
Sombras de deuses.
Pó.
Poeira.
Fé.
Somos quem somos, sem ser.
A mente desconexa do espírito.
O espírito desconexo do corpo.
O corpo desconexo dos sonhos.
Tudo dentro de si e fora.
Uma tempestade interna escondida num sorriso.
Uma dor.
Um torpor.
Um medo escondido na vilania.
Desejos inerentes a mente.
Desejos perversos.
Luta interna, fagulha em lágrimas, um grito.
Uma explosão de sentidos sem sentido.
Não faço parte de mim, sou externo a isso.
E internamente procuro as respostas.
Nosso corpo tem vida própria.
Deixando-nos sem domínio.
E vivemos essa batalha eterna pelo controle.
Nosso querer arrasado pelo desejo.
Nossa bondade arrasada pelo ego.
Nossa evolução arrasada pelo medo.
A ponto de se autodestruir.
A ponto de se autodestruir.
Um autoflagelo.
Um sopro.
Um soco.
E temos uma terceira força.
Uma quarta.
Uma quinta.
Divididos em corpo, consciência, subconsciência, inconsciência e ciência.
Quatro lados puxando os pontos cardeais do quinto.
Rasgando ao meio tudo que é conciso.
Devastando o que há de claro.
Não somos nada e tudo.
Tudo que somos, já foi e nunca foi.
Perdidos no tempo e espaço.
E o início é estranho.
Estranho demais pra acreditar.
Estranho demais pra não acreditar.