AUDÁCIA
 
Quero dormir, feliz, com a janela aberta
junto ao teu braço forte, a me amparar os ombros,
indiferente ao medo que assomar à porta,
tecendo espessa teia com os seus dedos longos.

Eu quero andar na rua olhando a multidão que passa
alegre, ou cabisbaixa, a murmurar sozinha,
ouvir um riso claro a espocar centelhas,
relampejando em luzes na hora vespertina.

No meu desejo fulgem anseios superpostos,
talvez um ilusório afã de conceber milagres
no despertar plangente de olhos lacrimosos,
buscando um novo rumo empós da liberdade.