Gauche
Trovões, relâmpagos, céu cinza e tempo ruim
e vento amargo com gosto de fim do mundo nas quinas de seu próprio desespero,
todo o resto ao sabor da sorte do impulso interno incontrolável,
e a cor da vida é posta em suspeição.
Morte! Mortes... Dor! Dor...
Crava o aço a carne corta e a espada crave a dor que é enorme,
graves em alto e bom som ecoam no absurdo abismo da não consciência,
no eco dos egos superestimados e no absurdo do silêncio pré-explosão.
A morte como desculpa da vida para seu descontentamento diário
é mote da intenção que fere a cor do dia
e separa dos braços os abraços verdadeiros.
Sem sorte a vida é rasa e melhor seria a morte do que os sorrisos pela metade.
No embate derradeiro da vida toda é a morte quem grita alto,
enquanto a vida sussurra ao pé dos teus ouvidos:
- Vai e muda tudo com pressa, apressa-te e muda o mundo,
ao preço do pouco dinheiro que ainda lhe resta nas quinas dos bolsos.
Um dia desses tudo muda do nada,
inclusive você será virado dos pés a cabeça.
E até o mundo se vestirá do lado contrário de suas expectativas.
Nesse dia, ser gauche não bastará.