De volta para o passado
O passado (1964) enterrado no passado
e a malta volta a escavar, desenterram as velhas dores
reabrem as velhas feridas, escavam tão fundo na vida
que das ruas já se ouvem os rumores, escavam na lama
e calados, tentam fazer calar também o povo.
Das covas rasas da ditadura militar insurge o golpe moderno,
em molde contemporâneo e sofisticado,
tão mentiroso e dissimulado,
quanto os agentes que o arquitetam.
O mal ressurge acenando raivoso, aos poucos
corta a carne, corte, corta a pele e fere as massas
sangra a democracia em plena luz do dia,
provoca hemorragia, sangra as ruas.
Estudantes se organizam e organizam a resistência...
ABAIXO O GOLPE! Lema dos cartazes engordurados,
pintados com tinta guache e pincéis atômicos,
em esconderijos quase secretos.
Tudo que temos agora é um grande passado maculado
e um enorme desafio pela frente:(Re)unir de novo o povo, pacificamente.
Algo impensável nesse momento diante de tanta diferença evidenciada,
após remexida a cova e violada a democracia.
Em pauta, a revolta dos "miseráveis" e suas bandeiras fiéis.
Na ponta da faca a velha luta de classes,
que de tempos em tempos, mostra a todos a sua face mais cruel.