BOCA DELICADA

Vi sua boca delicada

beijar o chão da estrada,

por onde um dia eu passei

chorando por quem tanto amei.

A fumaça do seu cigarro

asfixiante me fez repelir,

enquanto a gosma do seu escarro

fez me escorregar e cair.

A boca que ainda á pouco,

eu beijava quase louco,

agora me diz adeus

ignorando os sentimentos meus.

Bem sei que estou indo muito tarde

e que já deveria ter partido.

Porém não farei nenhum alarde,

e sairei quando você estiver dormindo.

Pois assim eu evitarei ouvir,

sua delicada boca blasfemar,

palavras que venham me ferir,

com sentenças a me condenar.

Prefiro que seja assim...

Caminhar sempre sozinho.

Pois ainda não é o fim,

deste meu longo caminho.

E assim, quando você acordar,

de todos os seus pesadelos

e não mais me encontrar,

não arranque seus lindos cabelos.

Simplesmente, veja a estrada,

abaixe e beije novamente o chão,

por onde um dia eu passei,

chorando por quem tanto amei.

Nova Serrana (MG), 15 de setembro de 2008.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 18/03/2017
Código do texto: T5944402
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