BOCA DELICADA
Vi sua boca delicada
beijar o chão da estrada,
por onde um dia eu passei
chorando por quem tanto amei.
A fumaça do seu cigarro
asfixiante me fez repelir,
enquanto a gosma do seu escarro
fez me escorregar e cair.
A boca que ainda á pouco,
eu beijava quase louco,
agora me diz adeus
ignorando os sentimentos meus.
Bem sei que estou indo muito tarde
e que já deveria ter partido.
Porém não farei nenhum alarde,
e sairei quando você estiver dormindo.
Pois assim eu evitarei ouvir,
sua delicada boca blasfemar,
palavras que venham me ferir,
com sentenças a me condenar.
Prefiro que seja assim...
Caminhar sempre sozinho.
Pois ainda não é o fim,
deste meu longo caminho.
E assim, quando você acordar,
de todos os seus pesadelos
e não mais me encontrar,
não arranque seus lindos cabelos.
Simplesmente, veja a estrada,
abaixe e beije novamente o chão,
por onde um dia eu passei,
chorando por quem tanto amei.
Nova Serrana (MG), 15 de setembro de 2008.