VIÚVA ALEGRE
Passava o carteiro gritando,
O leiteiro também passava.
Na rua o corpo do morto
Velado, sem paramentos
Ninguém notava.
A viúva? Alegre que só
Só se ouvia dos olhos
O amor que deixava.
Escondido no porão
Ninguém expiava.
O morto todo acanhado
De nada sabia.
E a viúva que agora chorava
Até ontem sorria
Ninguém olhava.
Cheirando ao caixeiro
Toda recata um colar exibia.
Presente do Morto?
De certo que não.
Ninguém sabia.