VIÚVA ALEGRE

Passava o carteiro gritando,

O leiteiro também passava.

Na rua o corpo do morto

Velado, sem paramentos

Ninguém notava.

A viúva? Alegre que só

Só se ouvia dos olhos

O amor que deixava.

Escondido no porão

Ninguém expiava.

O morto todo acanhado

De nada sabia.

E a viúva que agora chorava

Até ontem sorria

Ninguém olhava.

Cheirando ao caixeiro

Toda recata um colar exibia.

Presente do Morto?

De certo que não.

Ninguém sabia.

Ancelma Bernardos
Enviado por Ancelma Bernardos em 16/03/2017
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