PÁTRIA DOS HORRORES
Lá fora ruge a tormenta, imponente,
incendiando de fulgor incandescente,
a negra imensidão , indiferente...
Os trovões ressoam febris, apavorantes
em fantástica cadência, alucinantes,
qual batuque numa orgia de demente...
Os raios cortam os espaços...
Abrem os céus em mil pedaços,
quais satânicas espadas...
Como um Vesúvio estrelar,
a terra treme num incrível ribombar,
qual recebesse, do inferno, vergastadas...
Sibila o vento em melodia de estertores,
compondo o hino da Pátria dos Horrores
onde habitam os tétricos tormentos...
E dentro d!alma em constantes desventuras,
ruge o tufão das infindas amarguras,
a me fazer cismar entre lamentos:
Mas o que é isso, senão o que se diz,
da terra ímpia, de constante gris,
que martiriza a alma em vil sofrer...
Não é acaso fogo e enxofre o que vejo?
E, porventura, não é de dor este cortejo,
que vem voraz a natureza me trazer?
Ah! Se o inferno existe como pregam seitas,
se ali se purgam as ilusões desfeitas,
e lancinante a dor se realiza;
e se tal pátria existe, além do mundo,
se lá se sente este pesar profundo,
eu piso agora o chão que lá se pisa...