Sublimação
Ouso flutuar na imaginação,
Dispersar meu ser da exatidão do tempo
Que tictaca compassado e lento,
Em sua sórdida demonstração
De poder, de controle, de irremediável sucessão.
Ouso me diluir,
Expirar minha consciência
Para deixar fluir com alguma decência meu coração.
Irrompe do caos o big bang da inspiração!
Neste instante sou névoa cobrindo o chão...
E logo, sopro que serpenteia pela janela,
Assovio que emana da fresta,
E desperta do sonho que anela;
Que embala o belo e o bom!
Sou sensação indigesta,
Austera traduzida num dom,
Dor!
Experimento o aquebrantar intenso
E aterrorizador
Do meu ego vulnerabilizado
E por isso propenso à descobrir seu valor.
Experimento o êxtase destruidor:
Gênese existencial dos sentidos!
O sentido negado, proibido,
Inevitavelmente evitado,
Que inunda nossos mais profundos átrios desconhecidos.