Sublimação

Ouso flutuar na imaginação,

Dispersar meu ser da exatidão do tempo

Que tictaca compassado e lento,

Em sua sórdida demonstração

De poder, de controle, de irremediável sucessão.

Ouso me diluir,

Expirar minha consciência

Para deixar fluir com alguma decência meu coração.

Irrompe do caos o big bang da inspiração!

Neste instante sou névoa cobrindo o chão...

E logo, sopro que serpenteia pela janela,

Assovio que emana da fresta,

E desperta do sonho que anela;

Que embala o belo e o bom!

Sou sensação indigesta,

Austera traduzida num dom,

Dor!

Experimento o aquebrantar intenso

E aterrorizador

Do meu ego vulnerabilizado

E por isso propenso à descobrir seu valor.

Experimento o êxtase destruidor:

Gênese existencial dos sentidos!

O sentido negado, proibido,

Inevitavelmente evitado,

Que inunda nossos mais profundos átrios desconhecidos.

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 16/03/2017
Reeditado em 22/03/2017
Código do texto: T5942413
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