Vento - Van Gogh
QUISERA...
coar da noite
partículas daquele vento,
que sem pressa,
a carne me atravessa.
Quisera!
Sem impedir sua passagem,
beber todo seu frescor,
com ele seguir nessa viagem.
Ana Flor do Lácio
partículas daquele vento,
que sem pressa,
a carne me atravessa.
Quisera!
Sem impedir sua passagem,
beber todo seu frescor,
com ele seguir nessa viagem.
Ana Flor do Lácio
Fico muito feliz por saber que, longe daqui, do outro lado do oceano, alguém acompanha a publicação dos meus textos. Maria Teresa M. Trigo é uma amiga e conterrânea que tive o prazer de conhecer, virtualmente, através do Recanto das Letras, há cerca de 4 anos. A primeira vez que Maria Teresa leu um texto meu, reconheceu a sua (nossa) aldeia, em Portugal, onde nascemos, e de onde ela saiu há muitos, muitos anos, para morar na Inglaterra. Desde então ela tem sido uma leitora assídua e temos mantido agradáveis conversas via e-mail.
Hoje, no e-mail recebido de Maria Teresa, para minha surpresa, soube que ela também escreve ou, pelo menos, já escreveu poesia. Abaixo, a mensagem e a foto com o lindo poema que recebi, escrito por ela em 1963.
Obrigada minha querida amiga poetisa Maria Teresa! É sempre um prazer receber seus e-mails com palavras tão motivadoras e carinhosas.
“Dear Ana. Your poem "Vento" is really really beautiful, loved it. I also, long long time ago made a poem: Vento. Maybe you like to read. here it goes:“
(Tradução: “Querida Ana. Seu poema "Vento" é verdadeiramente muito bonito, gostei muito. Eu também, há muito tempo atrás fiz um poema: Vento. Talvez você goste de ler. aqui vai:”
Vento
- Ó vento
cinzento, furibundo
desgrenhado!...
Eu conheço bem teu fado
De andares a rir pelo mundo...
Pobre vento... tão instável...
Tu não tens Pátria... coitado!
Como eu inconsolável
Sem abrigo, sem conforto!
És como um barco sem porto
No turbilhão da maré...
Vento, a minh´alma também é
Um barco desmantelado
Ao sabor dos vendavais!
Ó vento, meu triste vento
Qual de nós sofrerá mais?!
Que sofrimento é mais fundo?
O teu por viveres sem Pátria,
Ou o meu por viver no mundo?!...
(Maria Teresa M. Trigo Stanbury - Porto, 1963)
- Ó vento
cinzento, furibundo
desgrenhado!...
Eu conheço bem teu fado
De andares a rir pelo mundo...
Pobre vento... tão instável...
Tu não tens Pátria... coitado!
Como eu inconsolável
Sem abrigo, sem conforto!
És como um barco sem porto
No turbilhão da maré...
Vento, a minh´alma também é
Um barco desmantelado
Ao sabor dos vendavais!
Ó vento, meu triste vento
Qual de nós sofrerá mais?!
Que sofrimento é mais fundo?
O teu por viveres sem Pátria,
Ou o meu por viver no mundo?!...
(Maria Teresa M. Trigo Stanbury - Porto, 1963)