AMANTES
Pode entrar,
A porta estará sempre aberta,
A cama sempre desarrumada,
A te esperar...
Pode entrar sem susto,
Serei sempre eu a te esperar,
Bebendo um café com conhaque... Fumando...
Sei lá...
Venha a hora que desejar,
Tu pagas as minha contas,
Sou teu artista, amante, escravo...
Sei lá...
Sou seu mistério encastelado,
Em uma pensão velha abrigado,
Nas ruas esquecidas da Ribeira,
Logo após as escondidas ladeiras...
Sou seu... Sou seu. Sou seu!
Já tu es minhas nas horas que desejas,
Saciar o teu desejo de perdição que,
Só um mulato pobre e devasso como eu pode dar...
Mas aqui, na cama desarrumada,
Tua pela alva, teus seios seios tenros,
misturam-se a minha pele bronze,
Ao meu dorso rijo e já não tens poder...
Aqui, a dama cai junto com tuas roupas de seda...
Seus modos de Campos Elísios, revelam-se de Mont Martre...
Seu pescoço em minha boca, suas coxas em minhas mãos...
E seu esposo a te esperar. Aqui, por minutos, sou seu rei!