O MELHOR DE MEUS POEMAS
Eu escrevi pra ti Inácia,
Bêbado, num guardanapos,
Com uma caneta Bic,
Num trailler no Baldo,
Em 1991, ano da desgraça.
Eu escrevi bêbado,
Tomando a última da noite,
A primeira do dia,
Depois de um flores as putas,
Do cabaré de Maria Boa.
Eu escrevi sim, para você Inácia,
Chorando cada palavra,
Comemorando o nada,
De todas as minhas conquistas,
De um vestibular sem você.
Eu escrevi acompanhado,
De meu amigo Eduardo,
O Cézanne, o pintor não,
Mas o bêbado amigo,
Violeiro e boêmio até morrer.
Eu escrevi declamando,
Gritando e chorando,
Fumando meu cigarro,
Engasgando as palavras,
Sem saber fumar.
Eu escrevi sim, como se você fosse ler,
Como se você ligasse,
Quando você mal ligava,
Aos fins de semana pra mim,
Também, fichas custavam caro em 1991.
Eu escrevi ali o melhor de mim,
Gritei bem alto seu nome,
Para o mundo inteiro ouvir,
O qual ridículo era amar,
Alguém longe, em 1991.
Eu escrevi sim meu amor,
Mais de três mil poemas pra ti,
Desde 1991 para cá, tudo seu,
Tudo meu de um amor que é só seu,
Em um mundo triste que é só meu.
Em 1991 Inácia eu te fiz eterna,
Eu não existo sem você,
Eu nem sei se você realmente existe,
Mas se não existir, ótimo então,
Mas se é assim, como posso viver assim?
Mas de uma coisa eu tenho certeza,
Se sou poeta, sou da tristeza,
Pois poesia e coisa de cadáver,
Que vive da alegria pueril,
De ser devorado feito puta.
Meu mais lindo poema é este,
Onde rasgo minhas entranhas e tiro de mim,
Meu câncer que é você Inácia,
Mantra de amor maldito,
Sem o qual, não sei viver, desde 1991.