Ode a uma cagada
Ao som de muitos flatos
e de uma indisposição intestinal terrível
 
Existem pessoas que se pensam canonizadas,
Imaculáveis, etéreas, pessoas-Deus!
Gentes cujos cadarços
Projetam-se, pasmem, na altura dos braços!
Sim, invulneráveis!
Prostrar-se, jamais!
Pessoas cujos joelhos
São feitos de aço,
Tal qual a fortaleza dos paços.

 
Vivem soberanas num Trono Dourado,
Repleto de imagens buñuelescas
E de espelhos mágicos, como o salão de Dorian Gray.
Pessoas cujo mundo,
Tal quais as galáxias,
Parece um Universo profundo.
 
O nosso,
Mundo amarelo... Credo!
Serve apenas para limpar seus chinelos!
 
Seres cósmicos, puros.
Somos as harpias,
Somos as vísceras da preguiça –
Somos o esterco do adro
Que eles nunca pisarão.
 
Enfim,
 
Somos o tapete de capacho que pisarão,
Somos os dejetos que eles limparão!
 
Que lindo texto!
Faria muito efeito, se’u não estivesse Cagando!... literalmente para eles!
 
Agmar Raimundo
Enviado por Agmar Raimundo em 15/03/2017
Reeditado em 15/03/2017
Código do texto: T5941855
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