Diálogo de Badou com um amigo francês III
---Amigo francês---
Num arroubo, o herói se desfaz das correntes.
Ei-lo à caça, buscando os perigos da mata.
Qual prêmio incomum que sua audácia arrebata?
Violenta ressaca e entranhas doentes.
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---Badou Sarcass---
Também eu, uma vez na ribalta,
Recebi amiúde esse golpe tacanho.
Carrego ainda hoje na alma a revolta
Das infames noites perdidas de antanho.
Agora que nós, como mestres cantores,
Passamos os dias dourados rimando,
Tu és meu Hans Sachs, maior dos senhores,
Teus versos recebo com espírito brando.
Mas sei que inda guardas no corpo fervores
E breve à caça tornará o guerreiro.
Que a fortuna, então, te cumule de amores,
Assim caia a presa com teu tiro certeiro.
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---Amigo francês---
É plácida a musa
Que os versos te inspira
E ao toque tua lira
É dócil, profusa.
Prometes imensos banquetes vindouros.
--Espera! me dizes.
--Sê bravo!, cantavas.
De insípidas favas
E duras raízes.
Contento-me e teço a coroa de louros.
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---Badou Sarcass---
Sossega, amigo dileto,
Que os banquetes vindouros
Não tardarão decerto.
Zarpa veloz dos ancoradouros
E vem ter comigo neste velho mundo.
Sei que estes versos não valem ouro.
Mas creias que têm sentimento profundo.
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