GOSTO AZUL

Acordei com um gosto azul na boca

Lembrança da noite em que chorei

Até o céu tornar-se claro novamente

E do limiar dos seus olhos nascer

O sol para incendiar minha pele fria,

Fazer o orvalho secar do meu horizonte.

Passei café, tomei, mas o gosto azul

Não saiu de mim, pregou na língua,

Pois era um ato de fé acreditar

Em todas as imensidões feitas de azul.

Nenhuma outra cor pareceu-me

Tão somente mais saborosa ou peculiar.

Poderia experimentar o vermelho das rosas,

O branco dos lírios, o verde do pomar,

Todavia, quero morrer com este

Gosto azul de tanto sonhar o melhor.

03/03/2017.