CIENTE
Sei-me morrer todos os dias...
Me desfaço até no vento...
Escorro por estas horas...
Sei que é inútil essa lida,
Que alimenta o meu momento...
Faina sem mais e por que
Não garante algum futuro.
Se arremessa contra o muro...
Perde-se na escuridão...
Morro bebendo a esperança
Olho fito no horizonte.
Tento adiar esse espanto
Fim que teimo em anular...
Já sei porém de antemão
Gozação de algum arcanjo,
A sorrir de tanto esbanjo,
Qualquer hora, anunciar:
Fim que é claro e que virá,
Na roda deste moinho.
Sorridente selará,
O final do meu caminho...
Medo não tenho, lamento
Que pensei te amar sem fim...
Sofro o laço que, desfeito,
Roubará você de mim...
Ana Maria Gazzaneo