O amor e o tempo
Eu te quero no tempo certo,
De olhos vivos e cabelos brancos,
A beleza da pele envelhecida pelo tempo,
Sem maquiagem e com beijos singelos.
A mocidade distante, e a formosura tão perto.
Como uma flor do outono, chegando à primavera.
Eu nunca quis medir o tempo,
Nem que a infância me levasse a sério,
Queria que metade de mim fosse vento no rosto,
E a outra metade, apenas mistério.
Queria contigo, numa estação de flores,
Que o tempo passasse, sem pressa,
Que o espelho mostrasse os nossos corações,
E que apenas nós, nos tornássemos velhos.
Eu não queria mãos frias,
Ou olhos que veem o infinito,
Eu queria apenas um coração,
Que mostrasse a inocência,
De um amor que não morreu.
E que resta ao homem, a sua alma,
Para reviver o que restou.
Para que eu me lembre daquela menina,
De cabelos negros,
De olhar cativante,
E lábios anestésicos,
E a felicidade, num envelope sem cor,
Infância, juventude e velhice,
E a prudência de uma vida de amor.