O amor e o tempo

Eu te quero no tempo certo,

De olhos vivos e cabelos brancos,

A beleza da pele envelhecida pelo tempo,

Sem maquiagem e com beijos singelos.

A mocidade distante, e a formosura tão perto.

Como uma flor do outono, chegando à primavera.

Eu nunca quis medir o tempo,

Nem que a infância me levasse a sério,

Queria que metade de mim fosse vento no rosto,

E a outra metade, apenas mistério.

Queria contigo, numa estação de flores,

Que o tempo passasse, sem pressa,

Que o espelho mostrasse os nossos corações,

E que apenas nós, nos tornássemos velhos.

Eu não queria mãos frias,

Ou olhos que veem o infinito,

Eu queria apenas um coração,

Que mostrasse a inocência,

De um amor que não morreu.

E que resta ao homem, a sua alma,

Para reviver o que restou.

Para que eu me lembre daquela menina,

De cabelos negros,

De olhar cativante,

E lábios anestésicos,

E a felicidade, num envelope sem cor,

Infância, juventude e velhice,

E a prudência de uma vida de amor.

Jorge Antonio Amaral
Enviado por Jorge Antonio Amaral em 13/03/2017
Reeditado em 26/05/2020
Código do texto: T5940050
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