ENTRE O EFÊMERO E O ETERNO
Sempre há uma razão para tudo;
Para tudo sempre há uma ante-causa.
Nem sempre o silêncio se fez mudo,
Ante a não sonoridade dessas pausas.
Pausas evolutivas, pejadas de agitação,
Em que a confusão dita as regras do caos.
Paira no ar funesta sensação,
De que o mundo soçobra, sob a ira dos maus.
Minúsculo mundo, ignota realidade,
Gerada por orgulho e contradição.
Elementos da mesma calamidade,
Destes tempos de tanta devassidão.
Porém, a infinita vida voeja além;
Além de tudo que alcançamos.
Onde não há nada, não há ninguém;
Ao menos assim sempre pensamos.
Na melodia além tempo do eterno,
Os elementos disciplinam o espaço.
Lucidez e sonho fazem céu e inferno,
Aos “racionalistas”, que só cruzam os braços.
Nada se interpõe, frente à trilha mater
Dos tais manvantaras,
De extensões Brahmânicas;
Mas seguem discursando os “gênios” de caráter,
Sob a tutela férrea de mentes satânicas.
Maria ainda é a mãe de toda essa gente,
Que se banha, aparvalhada, no oceano;
Que se aquieta num canto, confortável e quente,
Deixando-se embalar pelo atroz engano
De que basta rezar, ser assíduo e crente.
Caminho humano, caminho insano!
Solidariedade e cidadania desprezadas,
Consideração e educação ignoradas,
Disciplina e compreensão desconsideradas,
Dignidade e humildade aviltadas.
Aqui, entre nós, a patética e ridícula pequenez;
Que contrasta com a soberba harmonia sideral.
Aqui, escamoteada, nossa selvagem nudez,
Que demonstra predominar nosso instinto animal.
Muito além, civilizações que exibem outro jaez,
Já abandonaram, há muito, a aventura carnal;
Oscilações de caráter, lá não têm vez,
A vida acontece sem o bem ou o mal.