A GLÓRIA DA CHUVA

Ribombam os trovões

Anunciando a glória da chuva,

Fim de tarde, temporal,

As pombas foram dormir

Nos galhos da enxuta ilusão.

Os ventos urram fazendo dançar

No palco de breu as nuvens dissolutas.

Gritam os pingos suaves

Ao darem de cara com o chão

E receberem da terra seu âmago

De duro e seco desejo dos tempos.

A chuva cai, entra noite afora,

Banhando a terra inteira

E as estrelas faceiras.