DE ALMA
Alma minha, predileta a quem a poesia não perjura,
Alma inquieta e madura, nascida de um plano maior.
Entregue a mim por doçura, filha do Criador.
Alma minha que dura!
Alma pura, elixir humanizador!
Eterna e imaterial, alma que é crença,
Alma que pensa ser carnal presa em meu corpo.
Alma que experimenta o mundo sensível enquanto nega o sensorial.
Alma que habito e não sinto, intangível, imortal.
Minha parte imperecível, se real ou irreal decide meu ser racional
Tão incompreensível tal qual.
Afinal o que há de ser a razão?
Um dualismo conjectural sem validação.
Apenas uma apreensão do real por minha inaptidão.
Alma minha, sede de uma via espiritual.
Tento sozinha, vacilo, tampouco defino o essencial.
Tenho a vida diluída e vejo a existência esvaída em meu raciocínio concreto
De simples objeto adepto da sociedade utilitária,
Um ser sem virtude, sem identidade, fruto da evolução revolucionária.
Um ser sem vaidade, ferido pelo ceticismo e procrastinação.
Ou quem sabe demasiado vaidoso
Estufado pela arrogância e inescrupuloso
Rejeitando o dom maravilhoso da criação.