DE ALMA

Alma minha, predileta a quem a poesia não perjura,

Alma inquieta e madura, nascida de um plano maior.

Entregue a mim por doçura, filha do Criador.

Alma minha que dura!

Alma pura, elixir humanizador!

Eterna e imaterial, alma que é crença,

Alma que pensa ser carnal presa em meu corpo.

Alma que experimenta o mundo sensível enquanto nega o sensorial.

Alma que habito e não sinto, intangível, imortal.

Minha parte imperecível, se real ou irreal decide meu ser racional

Tão incompreensível tal qual.

Afinal o que há de ser a razão?

Um dualismo conjectural sem validação.

Apenas uma apreensão do real por minha inaptidão.

Alma minha, sede de uma via espiritual.

Tento sozinha, vacilo, tampouco defino o essencial.

Tenho a vida diluída e vejo a existência esvaída em meu raciocínio concreto

De simples objeto adepto da sociedade utilitária,

Um ser sem virtude, sem identidade, fruto da evolução revolucionária.

Um ser sem vaidade, ferido pelo ceticismo e procrastinação.

Ou quem sabe demasiado vaidoso

Estufado pela arrogância e inescrupuloso

Rejeitando o dom maravilhoso da criação.

Priscila Neves
Enviado por Priscila Neves em 08/03/2017
Reeditado em 22/03/2017
Código do texto: T5934087
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