SURDO E CALADO

(Sócrates Di Lima)

Ando calado,

Na multiplicidade dos meus dias,

Não é m fado,

Nem tampouco rebeldias.

Primei-me pelo calar,

Que no passado não me vinha,

Recolhi-me, deixei de falar,

Das dores que outrora tinha.

E por mais que silenciado esteja,

Não me faço triste e nem moribundo,

Talvez seja a dura peleja,

Como duro é o viver no mundo.

Foram-se os dias vulgares,

Dos amores em pares,

Que por tantos lugares...

Não mais volteia aos seus ares.

Aquiete-me em corpo e alma,

Esvaziei o me coração,

Fechei os olhos como a mão a palma,

para não tocar nem retocar a emoção.

E se os amores foram assim embora,

Por E não dar a devida importância,

Tanta coisa mudou, ai fora,

Que recolhi-me a certa ignorância.

Há noites que se fizeram dias,

E dias e se fizeram noites,

As saudades ficaram nas nostalgias,

Como os ventos em açoites.

E assim, corrijo-me e fiscalizo-me,

Para não cair nas tentações de outrora,

Das dores e desilusões, finjo-me,

No fingir que os sentimentos se foram embora.

E como as noites em seu silêncio profundo,

Na redes da minha vida me vejo cercado,

Do novo que estar por vir, fecundo,

Enquanto isto me ponho surdo e calado.

Socrates Di Lima
Enviado por Socrates Di Lima em 06/03/2017
Reeditado em 06/03/2017
Código do texto: T5932511
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