Catarse
Todo poeta dá o que tem
Dentro de si, sem disfarce.
O que tenho a dar não é bom, porém,
me causa alívio esta catarse.
Fugir de si mesmo não é opção,
Nem a morte nos livra desta companhia.
Aceito então com resignação
E carrego, como brinde, a melancolia.
Queria sentir ao menos uma vez
O prazer de viver, a vontade de amar.
Deus, todavia, assim não me fez
A devida conta me deu a acertar.
A Felicidade é uma Deusa mitológica,
Bela, insensível, intangível e misteriosa.
Aceito-a como uma figura alegórica,
De uma vida sem sentido e desgostosa.
Sorriso, caminhada, lágrima, ladeira,
Tudo me parece tão pueril.
A vida é efêmera e passageira,
No fim, tudo não valerá um centil.