Catarse

Todo poeta dá o que tem

Dentro de si, sem disfarce.

O que tenho a dar não é bom, porém,

me causa alívio esta catarse.

Fugir de si mesmo não é opção,

Nem a morte nos livra desta companhia.

Aceito então com resignação

E carrego, como brinde, a melancolia.

Queria sentir ao menos uma vez

O prazer de viver, a vontade de amar.

Deus, todavia, assim não me fez

A devida conta me deu a acertar.

A Felicidade é uma Deusa mitológica,

Bela, insensível, intangível e misteriosa.

Aceito-a como uma figura alegórica,

De uma vida sem sentido e desgostosa.

Sorriso, caminhada, lágrima, ladeira,

Tudo me parece tão pueril.

A vida é efêmera e passageira,

No fim, tudo não valerá um centil.

FernandoNogueira
Enviado por FernandoNogueira em 05/03/2017
Código do texto: T5931501
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