Ontologia Sabotada
Numa visão de mundo sabotada,
Trai o poeta que rima sem travas,
No jardim, rosa de vidro adotada,
Faz-se mel das palavras escravas.
No passar do tempo, das pessoas,
Peças de morte, mosaicos de vida,
Em mares ocultos escondem canoas,
Navega no oposto a face invertida.
E desbotam o painel de cores frias,
O trato bondoso da lepra que se vê,
Na dor a despedaçar em covardias,
Faz-se poesia do mundo que se lê.