PRECIOSIDADES (59)

S O N E T O 12

Quando conto as horas que passam no relógio

e a noite medonha vem naufragar o dia,

quando vejo a violeta esmaecida,

e minguar seu viço pelo tempo embranquecida,

Quando vejo a alta copa de folhagens despida,

que protegiam o rebanho do calor com sua sombra,

e a relva do verão atada em feixes

ser carregada em fardos em viagem,

Então questiono tua beleza,

que deve fenecer com o vagar dos anos,

como a doçura e a beleza se abandonam,

E morrem tão rápido enquanto outros crescem;

nada detém a foice do Tempo,

a não ser os filhos, para perpetuá-lo após tua

partida.