memória e passagem
de longe, ouço os uivos
dos bosques, o sorriso planta
seus dentes no caminho
até a montanha, quem me
espera do outro lado da margem?
minhas pernas doem, mas ainda
guarda força para o desfiladeiro soturno.
amigos ficaram, rostos desfacelam, eu
mesmo não sei o que preservo do homem
inicial, mãos, olhos, pele, o abraço ainda
incólume, o teu sorriso de consolo, apenas
nas lembranças tuas coxas me assombrando.
longe, ouço os uivos dos bosques, e a memória
faz batuque á minha passagem.