INVERTIDA
Grudou de longe seu olho no meu,
Viu meu rosto uma nova primeira vez.
Parou incrédulo, mas não se abateu,
Mediu sem pressa minha insensatez.
Pagou a aposta e dobrou, fez graça.
Esqueceu que não sou mais menina.
Tentou disfarçar a esperta trapaça,
Escondeu o blefe pra trás da retina.
Esperou confiante meu balanceio,
Ataquei com firmeza desconhecida.
Estufei o peito e falei sem rodeio,
Estremeceu com a história invertida.
Assustou com a força da minha voz,
Percebeu sem tempo meu descaso.
Apertou confuso mais uns nós,
Calculou ser apenas mero acaso.
Adiou a resposta, fugiu do convite.
Senti de longe seu cheiro de medo.
Cansei de apostar e meti um limite:
Adeus, boa noite, acordo cedo.