INVERTIDA

Grudou de longe seu olho no meu,

Viu meu rosto uma nova primeira vez.

Parou incrédulo, mas não se abateu,

Mediu sem pressa minha insensatez.

Pagou a aposta e dobrou, fez graça.

Esqueceu que não sou mais menina.

Tentou disfarçar a esperta trapaça,

Escondeu o blefe pra trás da retina.

Esperou confiante meu balanceio,

Ataquei com firmeza desconhecida.

Estufei o peito e falei sem rodeio,

Estremeceu com a história invertida.

Assustou com a força da minha voz,

Percebeu sem tempo meu descaso.

Apertou confuso mais uns nós,

Calculou ser apenas mero acaso.

Adiou a resposta, fugiu do convite.

Senti de longe seu cheiro de medo.

Cansei de apostar e meti um limite:

Adeus, boa noite, acordo cedo.

Patricia Florindo Martins
Enviado por Patricia Florindo Martins em 01/03/2017
Código do texto: T5927647
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