Desabafando com Drummond
Quando eu nasci Drummond
Um anjo também veio me visitar
Acho que era um querubim
Ele disse assim: “Vai, Sândila! Ser beradeira na vida.”
Depois que cresci virei ribeirinha
Os termos mudaram, mas não me afetaram
Continuo sendo beradeira
Meu orgulho é demais.
Das águas traiçoeiras
Vejo um povo guerreiro
Como aquele teu anjo batalhador
Eu sei como é sofrida
A vida da minha gente
Que acorda cedo pra pegar no batente
Cuida de tanta coisa
Trabalha sol a sol e ainda vive sorridente.
Mas Drummond eu nasci na capital
Aos dois meses já não sabia o que é colo maternal
Meus avós me educaram
Assim eu cresci e estudei
A eles agradeço tudo o que sei
Ah! Drummond eu também achei que a ausência é falta
Me sentia triste e muito ruim
Mas passou, passou sim.
Bem Drummond desculpe falar assim
Mas é porque encontrei muitas pedras no camin
Na verdade uma barragem
Porque as pedras que por foto vi
Foram deterioradas,
Junto a uma linda cachoeira,
Por ganancia do homem
Colocaram uma usina ali.
Sabe caro Carlos
Como na quadrilha
Eu também me apaixonei
Mas sorte dei
Eu não sei caro amigo
O que falta no amar para sempre
Por isso vou arriscando
Espero uma hora acertar.
Ai! amigo Drummond,
Tenho que ir
Minha vida é de ribeirinha
Não é fácil aqui
Vou em busca de melhoria
Mas pretendo voltar um dia
Pois tenho sangue beradeira
Sangue de gente guerreira.