POETISA BÊBADA

A poetisa bêbada

em sonhos com as favas

bebeu todas suas magoas,

e no tempo medonho

... Magoada, sonhou.

Sonhou com suas trelas

entre cânticos e velas

sonhava vela nas estrelas

o mundo e seu inventor

e voar com seu amor.

A poetisa bêbada...

Bebeu, poucas e boas

e em sua garoa louca

bateu o mal da sua roupa

com sua boca rasgou.

Rasgou o verbo, rasgou frases

Embarcou em sua viagem boa

navegou sobre seus mares

e com poemas e suas penas

encheu a sua velha canoa.

A poetisa bêbada...

Em noite enluarada

debruçou sobre a calçada

chorou seu mundo, seu tempo

e todo seu sentimento

sob o vento, ela jogou.

Das agonias dos seus dias

poetou as suas falas

amarrou-se em fantasias

e das palavras, fez sua casa.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 26/02/2017
Código do texto: T5924609
Classificação de conteúdo: seguro