POETISA BÊBADA
A poetisa bêbada
em sonhos com as favas
bebeu todas suas magoas,
e no tempo medonho
... Magoada, sonhou.
Sonhou com suas trelas
entre cânticos e velas
sonhava vela nas estrelas
o mundo e seu inventor
e voar com seu amor.
A poetisa bêbada...
Bebeu, poucas e boas
e em sua garoa louca
bateu o mal da sua roupa
com sua boca rasgou.
Rasgou o verbo, rasgou frases
Embarcou em sua viagem boa
navegou sobre seus mares
e com poemas e suas penas
encheu a sua velha canoa.
A poetisa bêbada...
Em noite enluarada
debruçou sobre a calçada
chorou seu mundo, seu tempo
e todo seu sentimento
sob o vento, ela jogou.
Das agonias dos seus dias
poetou as suas falas
amarrou-se em fantasias
e das palavras, fez sua casa.
Antonio Montes