Ainda há o Canto
Desnuda-te do rubor
que te aquece a face.
A minh’alma despreende-se
feito o som de um tambor!
Toma o encanto da noite e vem..
E se o canto te tentar,
Não cantes ainda,
Mas diga antes, tudo..
Sem reticências..
Deixa ao céu as estrelas...
Desnuda-te do rubor
que te aquece a face.
Ah! Se soubéssemos
De nós em auroras passadas..
Preteria este poema
Coisas da vida!
Porém, mesmo nas vindimas tardias
Encontraremos ainda
A doçura nos frutos.
Vibra agora, pois,
a tua garganta e canta!
Desejo sentir tuas mãos de colcheias
E longas breves sem pausas...
Canta cigarra noturna!
Que o Verão é ligeiro.
Canta que teu poeta
Já cai de sonhos...
Rev. 2022****
De José Alberto Lopes.
– fev. 2017