VERSOS INSCRITOS NUMA TAÇA FEITA DE UM CRÂNIO (tradução do poema "Lines inscribed upon a cup formed from a skull" de Lord Byron)
Não temas — inda há alma aqui:
Ao contrário de um crânio vivo,
Este jamais fluirá de si
Algo que seja cansativo.
Vivi, amei, bebi, qual tu:
Morri: tiraram-me da terra;
Entorna-me — teu lábio nu
Não ferra mais que um verme ferra.
Melhor o vinho receber
Que a larva podre umedecida;
No cálice, um néctar suster
Do que dos répteis a comida.
Onde brilhou a minha mente,
Por outras, deixe-me brilhar;
Se foi-se o cérebro, há suplente
Melhor que o vinho em seu lugar?
Beba, inda há tempo — uma outra raça,
Quando, com os teus, fordes aos fossos,
Vos livrará da terra, à caça
De vos gozar também os ossos.
E por que não? Se cria, em vida,
Toda cabeça, tanto mal,
É bom, dos vermes redimida,
Poder ser útil afinal.