Saída de Salvador para o interior
Dentro de ônibus
Deitada no colo do meu pai
Naquelas ruas da cidade alta
Observando tudo que ia ficando para trás
Perguntei a papai:
"Para onde está me levando?"
Ele respondeu: "para casa da sua avó"
Quando cheguei fiquei olhando
Aquele pequeno povoado
E tinha também vários primos
Ao meu lado
Com crianças tudo é mais fácil
Ali naquele pequeno povoado
Brinquei com meus primos
Fiz amizades que tinham a minha idade
Brinquei de roda, de perna de pau, de peteca
Fui em debulhas de milho, novenas, missões
Casas de farinha, raspar mandioca
Tomei banho de rio
Fiz brinquedos de barro
Chorei, ri, desabrochei e também me desapontei
Perdi meu pai, minha infância
Senti na pele o que é ser sozinha
E ter na minha frente só esperança
E uma casa vazia
Porque móveis já não existia
Tiraram-me tudo, até a louça da pia
O que me restava era encarar a estrada
De dentro de uma perua velha
Comecei a minha caminhada
Em busca de tudo, perdida no nada
E aqui quem vos fala aquela que venceu na vida
Apesar das porradas!!
Geovana Borges
A poetisa de Santos que é baiana
25/02/2017