REMÉDIO FAIXA PRETA

REMÉDIO FAIXA PRETA

Tropeço no vento caindo ao sono,
hiato - ditongo, 
o caminho é vago, disperso;
eu tento um tanto entender,
ao menos pensar, 
bocejos, confesso, 
e os olhos não fecham;

Tudo envolta é farsa,
confiro o espelho, trapaças,
juntas - esparças, 
a imagem distorce - não reflete a verdade,
entorta, discorda,
entoa e disfarça;
hiato - ditongo (de novo), eu tonto;

Levanto mirabolante,
cambaleante,
às forças que tenho - e são poucas,
a voz rouca,
empurro o chão pra baixo,
e nada eu acho,
nem tampouco encaixo,
me sinto um capacho, caído de queixo, 
sem queixas, 
e o equilíbrio é distante, vagueante, 
ditongo - hiato, e no ato, 
p'rece que tô delirante; 

Dói-me a cabeça ao seu peso,
meço o contrasenso, 
(intenso)
tudo é um tédio, entediante,
nada brilhante, meio opaco e ofusco,
tudo confuso,
e sem busca eu não busco, 
mas adiante eu fico,
traído, 
toc doído,
caído e acanhado,
ao cacho da grama,
(ninguém me ama), 
engana... quero mia cama...

Mia cara assustada, calado,
bobo de barba ralada, 
feio e bonito; bonito e feio, 
(somente ao espelho)
putz que saco, 
a tudo...
ferrenho esboço careta,
mutreta, ranheta e zureta;
 
(...)
é sempre assim - uma droga,
efeito colateral, 
daquele remédio de faixa preta;

(...)
é sempre assim o que sinto,
efeito colateral,
com aquele remédio de faixa preta.