primeira profissão

Primeira profissão

Os fabricantes de bigornas

Desapareceram…

Os fazedores de rodas raiadas,

Os instaladores de ferraduras,

De fornos a lenha…

De torradores de café…

Desinstalaram-se.

Os benzedeiros, os curadores

Das feridas d’alma…

Os musicantes dos autofalantes

Das praças públicas…

Até os afiadores de facas e tesouras

E os consertadores de guarda-chuvas

E panelas descabadas…

Só as putas não desistem

Nas praças e esquinas mal iluminadas,

Com suas pernas envarizadas,

Seus peitos caídos, suas manchas

De batom e rímel…

Suas feições vencidas pelo trato

E suas bolsas…. E suas mágoas.

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sergio donadio
Enviado por sergio donadio em 24/02/2017
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