Um retorno à poesia
A muito não venho a esse mundo
Onde seguro me sentia
A muito não abraço
A fantasia que me acolhia
Mas aqui estou eu novamente
Com os pés na terra e as mãos no ar
Abençoando mais uma vez meus prantos
Livres novamente pra rolar
A muito não estendia
Minha visão sob um sol poente
Me escondendo dentro de minha mente
Definhando em meu leito de mentiras
Vazio e inapto para amar
Ambíguo e insolúvel
Em uma redoma de trevas e caos
Minha mente se perdia
Abandonei minhas lágrimas
Tudo que eu tinha
Por castelos de areias
E faces e máscaras
Deixei minha tristeza
E a força de minha poesia
Por um mundo de mentira
Incapaz de me fazer acreditar que havia algo para acreditar
Mas cá estou eu de volta
Ao meu pequeno reino fantasma
Onde a prosa toma forma
E minha sereia dança doce e calma
Aqui estou eu de novo
Sob as trevas do céu violeta
Dedicando minha canção
A minha amada rosa negra
Por que essa é a beleza que eu conheço
A que foi esculpida na face da Besta
Em um jardim abandonado
Onde a vaidade é obsoleta
Eu sou eu aqui
E você é você
Somos cosmo e alma
Pequenas estrelas
De um céu nublado
Minhas mãos seguram a caneta
Brandindo-a delicada
Traço a traço formo a palavra
Palavra a palavra crio o reino
Mergulho, para todo o sempre
Uma realidade alternativa
Onde não posso ser tocado
Pela falsa mão amiga
Velejo pelo céu de gelo
Busco a fonte da minha alma
O pequeno acorde de meu desespero
Tocado de forma trágica
Aqui vou eu para todo sempre
Cuidando do meu jardim
Onde meu coração deverá repousar
Para não voltar a se ferir