EM BUSCA DO SONO
Enquanto o sono não vem...
Eu ouço o murmúrio da noite transpor
sob os muros do meu equívoco.
Os passos do desespero esgueirar-se
pelos olhos cegos das ruas
A bramurá do choro expelido pelas
sombras do meu pânico.
Enquanto o sono não vem...
Eu ouço o coaxar dos anfíbios nos alagados dos
lares, o urro do lobo, sobre o morro, o choro
do lixo pedindo clemência... Ouço...
O tombo de um corpo pelo sibilar de
uma bala sem dono, a expansão do grito o saltar
do desespero, arritmia do medo, tilintando sobre
as correntes do segredo, o infinito da duvida,
entremeando os sonhos, o sono buscando arrego
no imaginário da questão...
Enquanto o sono não vem...
Eu vejo o fundo, além de um mundo
que eu possa encontrar, vejo um coração
flechado sem dono, almejando paixão
para poder suportar os grilhões do tempo,
vejo a prata da lua debruçada sobre o
sibilar dos ventos.
Antonio Montes