EM BUSCA DO SONO

Enquanto o sono não vem...

Eu ouço o murmúrio da noite transpor

sob os muros do meu equívoco.

Os passos do desespero esgueirar-se

pelos olhos cegos das ruas

A bramurá do choro expelido pelas

sombras do meu pânico.

Enquanto o sono não vem...

Eu ouço o coaxar dos anfíbios nos alagados dos

lares, o urro do lobo, sobre o morro, o choro

do lixo pedindo clemência... Ouço...

O tombo de um corpo pelo sibilar de

uma bala sem dono, a expansão do grito o saltar

do desespero, arritmia do medo, tilintando sobre

as correntes do segredo, o infinito da duvida,

entremeando os sonhos, o sono buscando arrego

no imaginário da questão...

Enquanto o sono não vem...

Eu vejo o fundo, além de um mundo

que eu possa encontrar, vejo um coração

flechado sem dono, almejando paixão

para poder suportar os grilhões do tempo,

vejo a prata da lua debruçada sobre o

sibilar dos ventos.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 21/02/2017
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