CÁ ESTOU

CÁ ESTOU

E cá estou

Acima o azul

As vezes cinza

Abaixo o negro

Chão impermeabilizado

Pelos homens

Antes era roxo

Na horizontal

A visão agora é curta

Na vertical infinita

O tum,tum é constante

Vez por outra tum,tum,tum

Os ferimentos leves

As marcas profundas

Mãos já não tem calos

Ficaram pelo áspero caminho

Hoje são poesias

Não batem, só afagam

Os braços adoram abraçar

A boca continua beijando

Mas agora sem avidez

Um carinho manso, comportado

A vida segue com seus

Presentes, pecados e passados

Sem importar-se com o futuro

Ocupa-se em cuidar de pequenos afazeres

Do dia após dia

E ter tempo para ler

Tentar escrever

Admirar os encantos naturais

E amar com intensidade

Aqueles que cercam

E que são a dádiva

Herdada do esteta

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 21/02/2017
Reeditado em 21/02/2017
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