PRA DESCONFUNDIR
(Joésio Menezes)
Nem sempre as coisas são
Como aparentam ser:
O quadro negro é verde,
O olho do furacão não vê,
A boca da noite não come,
Pinto é um sobrenome
Que só os homens deveriam ter.
A caixa preta é laranja,
O milho verde é amarelo,
“Cabra macho” não é bode,
Havaianas é um chinelo.
Katrina é um ciclone,
O deus do sono é insone
E o do amor é donzelo.
Quebra queixo é um doce,
Água boricada não é pra beber,
Cabeça de prego não pensa,
Mas incomoda se doer.
Pé de moleque não chuta,
Maçã do rosto não é fruta
Nem Pão de Açúcar é de comer...
E sob as nuvens da dúvida,
Ocupo meu tempo na lida
Esperando que tal confusão
Seja um dia esclarecida.
Pra isso conto com a sorte
Consciente de que a morte
É a única certeza da vida.