A valsa

Vejo do outro lado do baile uma linda menina triste. Sei que ela está triste, pois vejo em seus olhos. Eu vejo o medo em seus olhos. Você não precisa falar nada. Contudo, não se preocupe. Eu estou aqui. Compartilho sua dor. Seu segredo estará seguro comigo. Pode confiar. Eu conheço suas dores. As suas dúvidas. As suas angústias. Eu conheço o peso de um coração partido ou perdido. Os traumas nos desalinham. As decepções nos entristecem. Existe um caos inexplicável em nós que também tem os seus dias cinzas e tristes feitiços. Mas não se preocupe, meu bem. Eu estou aqui. Vou pedir para os musicistas tocar aquela valsa, enquanto te vejo sozinha em pleno baile, divagando nos rodopios dos casais alegres. Tocarão uma nota triste para a moça mais triste. Ela invade os seus ouvidos e invade a tua alma. Então, como num estalo, você a reconhece. Esta é a sua valsa. Uma valsa para uma moça triste. Aos poucos, você fecha os olhos e se deixa levar pela melodia. A valsa te traz boas novas, apesar da leve melancolia em suas notas. Outras tristezas virão, outras alegrias também. Outras lágrimas brotarão em sua face, outros sorrisos surgirão. Outros rapazes partirão seu coração e você também precisará parti-los em algum momento. Assim é a vida. O amor é assim, faz ninho em uns corações, faz furacão em outros. Seja calmaria em meio a isso. Precisaremos de tempo. De calma. De silêncios. De espaço. Precisaremos nos reencontrar. Nos redescobrir. Mas não se preocupe, meu bem. Ainda há tempo. Aproveita o momento. Se deixe levar pela leveza da valsa. Essa valsa é tão simples. Basta o primeiro passo. Basta seguir o vai e vêm dos casais nas pistas. Me dê a mão, meu bem. Deixa eu te conduzir. Ao menos hoje.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 19/02/2017
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